quinta-feira, 14 de abril de 2011

EUA e China adotam a mesma postura em relação ao Brasil


Estados Unidos e China. As duas maiores potências econômicas do planeta rivalizam no campo político. Mas quando o assunto é a inclusão do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança (CS) da ONU, os dois países adotam a mesma posição - só mudam os termos dos discursos. Encaram a candidatura brasileira com cautela, sem declararem apoios explícitos, procurando valorizar seus gestos para negociações bilaterais futuras.

Em visita oficial à China, a presidente Dilma Rousseff obteve do governo chinês o apoio à reforma do CS, sem, contudo, vir acompanhado de uma declaração categórica de endosso à pretensão brasileira.

No comunicado conjunto assinado pela presidente brasileira e pelo mandatário chinês, Hu Jintao, há uma menção genérica de apoio a uma atuação mais relevante do Brasil na ONU. O governo da China declara que “compreende e apóia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas”. Não cita, porém, o CS.

Na visita ao Brasil há três semanas, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi na mesma linha. Também se comprometeu com a reforma do CS, e declarou “apreço” pela pretensão brasileira de se tornar membro permanente do colegiado.

No campo diplomático, onde palavras e gestos são milimetricamente calculados, houve avanços, principalmente na posição dos EUA. Pela primeira vez, um mandatário do país abordou explicitamente a pretensão brasileira.

Mas, mesmo assim, entre os discursos chinês e estadunidense, fica a certeza de que ainda são frágeis as chances do Brasil de obter sinal verde à sua candidatura por parte das duas maiores economias do mundo, que detêm acentos permanentes no CS. E que ainda há um longo caminho a percorrer para se viabilizar a sua pretensão.

Neste caso, a pretensão da Índia segue mais sedimentada. Apesar de enfrentar a resistência chinesa, os indianos receberam apoio formal dos EUA para ocuparem um lugar permanente no CS - uma jogada estadunidense para se contrapor politicamente ao avanço da China.

Apesar da mobilização da comunidade internacional, principalmente dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), tanto China quanto os EUA têm reservas à reforma do CS. Os chineses temem a ascensão dos “inimigos morais” Índia e Japão, que junto com Alemanha e Brasil buscam acentos permanentes. E os EUA também se mostram cuidadosos com o interesse do Brasil, notadamente depois da atuação diplomática do País na era Lula. O episódio emblemático da desconfiança veio com o voto brasileiro contra sanções ao Irã em 2010, articuladas pelos EUA.

2 comentários:

  1. Pessoal, muito bom o post. Agora voces poderiam explicitar as reais vantagens de se fazer parte do conselho permanente nas N.U ???
    Abracao

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  2. É mais ou menos a diferença entre sentar para discutir o orçamento da empresa sendo diretor ou não.

    Conte-se a posição geopolítica privilegiada e a participação efetiva na governança mundial, que são objetivos da diplomacia brasileira muito mais do que por uma questão de prestígio, mas por uma visão coerente de mundo.

    Se quiser ver o lado mais prático, o Brasil almeja o posto para poder ter voz mais contundente em outros fóruns de governança onde questões comercais, ambientais, energéticas etc que interessam diretamente ao pais, são definidas.

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