quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sarkozy busca agenda positiva em ações militares

Ainda não é certo se o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disputará a reeleição em 2012. Mas a guinada na atuação internacional da França no início deste ano é um indicativo que ele busca viabilizar sua candidatura, procurando recuperar pontos perdidos junto à opinião pública com a impopular reforma da previdência, aprovada outubro passado. E a atuação diplomática de seu governo nos próximos 12 meses seria um dos pilares dessa tentativa de melhorar a avaliação de sua gestão, que não é considerada boa entre os franceses. Em outubro, mês da aprovação da reforma, foi divulgada a última pesquisa nacional sobre a avaliação do governo: 70% dos entrevistados desaprovaram a gestão. Neste início de 2011, a França vem protagonizando ações relevantes no cenário internacional, ao comandar missões militares da ONU na Líbia e na Costa do Marfim sob o manto da “ação humanitária”. Posição bem diferente da adotada pelo País até o ano passado, quando sua atuação internacional era de coadjuvante, com episódios de forte oposição ao uso de forças militares em outros países – vale lembrar a negativa francesa de apoiar a invasão do Iraque pelos EUA em 2003. Essa “virada” na postura da França vem depois da reforma da previdência, que deixou um profundo desgaste entre o governo Nicolas Sarkozy e a população. A aprovação da reforma, que aumentou em dois anos a idade mínima para aposentadoria e o percentual de contribuição previdenciária dos servidores públicos, culminou com greves gerais e racionamento de combustível em todo o País. Mas as mesmas pesquisas que apontaram o elevado índice de reprovação da gestão, mostraram ao longo dos quatro anos de governo que quando Sarkozy articula ações diplomáticas relevantes, seu índice de aprovação sobe. Atualmente, além de comandar as investidas militares na Líbia e na Costa do Marfim, a França exerce a presidência rotativa do G-20, posição que propicia a Sarkozy propor medidas econômicas capazes de projetar sua imagem internamente. Nas justificativas dos discursos oficiais, as ações militares francesas empreendidas nos dois países africanos foram levadas adiante para a salvaguarda dos Direitos Humanos e para evitar um genocídio tal qual ocorreu em Ruanda em 1994. Mas as razões que impulsionaram o governo Sarkozy a estas operações vão além das razões humanitárias: são oportunidades também de se criar uma agenda positiva para recuperar a imagem do governo e do presidente entre os eleitores.

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