quarta-feira, 20 de abril de 2011

Para enfrentar crise, Portugal terá que demitir funcionários públicos


As negociações serão oficialmente abertas em maio, mas aos poucos começam a surgir os primeiros sinais de quais compromissos Portugal terá que assumir para receber ajuda dos organismos financeiros internacionais e tentar superar a crise em que se encontra. Uma comissão de enviados do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia (CE) está em Lisboa e já adiantou que um dos problemas no país é o excesso de funcionários públicos.

A menção a esse dado, que a comissão fez com base em informações preliminares repassadas pelo governo, já é um indicativo de que os lusitanos terão que seguir os exemplos dos governos de Grécia e Irlanda – recentemente abatidos por crises financeiras - e demitir um bom número de servidores públicos. A quantidade de exonerações será conhecida no decorrer das negociações.

Essa indicação, porém, chega um momento delicado. Portugal atravessa seu pior índice de desemprego em três anos, segundo o Instituto de Estatística Nacional: chegou aos 11,1% no quarto trimestre de 2010, batendo o recorde do trimestre anterior, que foi de 10,9%.

O desemprego e a pressão social é um dos motivos que tem levado os portugueses a acompanharem com apreensão os momentos preparatórios dessa negociação com os organismos financeiros internacionais. Os enviados do FMI, BCE e CE estão se reunindo com autoridades públicas, dirigentes partidários e entidades sociais, antes da abertura oficial das negociações, para mostrar quais medidas exigirá em troca da concessão da ajuda externa. E entre uma reunião e outra surgem notícias dos compromissos que recairão sobre o governo.

Ontem, a reunião ocorreu com dirigentes do principal sindicato português, a União Geral de Trabalhadores (UGT). O secretário-geral do sindicato, João Proença, saiu do encontro afirmando que as negociações “serão duras” pela pouca margem de manobra deixada pelas três entidades financeiras. Mas, pelo menos, informou que mexidas no 13º salário e no salário-mínimo não constavam na pauta que lhe foi apresentada. Contudo, nada falou sobre possíveis demissões.

A crise financeira se instalou em Portugal em meados do ano passado, chegando a seu ápice há cerca de um mês quando o primeiro-ministro demissionário, José Sócrates, reconheceu que a única forma de enfrentá-la seria recorrer à ajuda externa.

O país viu sua dívida pública crescer com o aumento dos juros e perdeu competitividade no mercado internacional, principalmente para os asiáticos. Além disso, o governo arca com projetos públicos onerosos – o de transporte é um deles – e com salários altos para seus servidores, forçando-o agora a tomar o empréstimo, que vem acompanhado do remédio amargo das medidas de austeridade fiscal e financeira.

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