Pernambuco foi o estado que mais cresceu no Brasil, no ano de 2010 em relação a 2009, obtendo o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 9,3 %, superando a taxa nacional de 7,5%, a terceira maior do mundo.
Essa condição foi obtida através de um forte processo de investimentos, em todos os setores da economia. O estado recebeu a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, há possibilidade de um grupo italiano instalar outro estaleiro, a FIAT vai construir uma fábrica em Goiana,várias empresas se instalam no complexo de SUAPE, entre outras atividades que foram implementadas no estado, graças ao fomento instalado.
Podemos prever ainda que todos esses investimentos tragam, por efeito cascata, outros diversos empreendimentos ligados ao fornecimento de serviços, infra-estrutura, peças, treinamento, qualificação, construção civil, entre outros.
Está previsto a criação de mais 4,5 mil novos empregos, deduzimos que consumirão mais produtos e mais serviços, circulando mais riqueza.
Desse desenvolvimento nascerão relações dos pernambucanos com pessoas, físicas e jurídicas, de todo o mundo, então, a pergunta que ecoa é: será que o pernambucano está preparado para lidar com esse ineditismo, ou esse grande desafio?
Pernambuco nunca viveu uma condição tão propícia ao desenvolvimento como a atual. Estamos nos inserindo no mercado mundial, somos calouros nas relações internacionais. As empresas estrangeiras estão se instalando em nossas terras.
Superamos grande parte dos obstáculos, entraves políticos, legais e consuetudinários, mas nossa educação, nossa cultura e formação técnica já suportam a relação com o estrangeiro, já possuímos uma mentalidade capaz de entender a cultura exógena? Comerciar com culturas diferentes da nossa, não só realizando negócios internacionais seguros, mas amadurecendo uma nova prática comercial interdependente e universal, desbravando novas fronteiras, realizando um caminho inverso da colonização, consolidando uma nova prática desenvolvimentista?
Já sabemos e entendemos o que são “relações internacionais”? Se não sabemos, corremos o risco de não consolidarmos todo o investimento realizado, pois captar recursos e empresas para investirem em Pernambuco é apenas uma parte do que significa RI. Muito mais temos que aprender sobre o assunto para consolidarmos o esforço despendido.
Nem todos precisam ter expertise em relações internacionais, mas as pessoas físicas e jurídicas privadas, e, principalmente, o estado de Pernambuco e seus municípios, precisam ter em seus quadros profissionais da área para assessorá-los.
Muitos estados brasileiros já possuem assessorias, ligadas diretas ao gabinete do governador, ou até mesmo secretarias de relações internacionais. Mais ainda, mega-cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Recife, já possuem em seus quadros assessores de RI, por que o estado de Pernambuco não tem?
Fernando Henrique Cardoso (Estado de São Paulo, São Paulo,p A2, 9 ago.2003) afirmou, ao propor um pacto “entre as nações”: “ o novo século está ávido, por uma nova agenda. Não porque o tempo transcorreu, mas porque neste percurso o mundo mudou, a economia mudou, as forças sociais e políticas mudaram e a própria cultura mudou”
O sociólogo e ex-presidente do Brasil propôs um pacto entre as nações, nós propomos, em nosso universo nordestino, um pacto entre governantes que promova a difusão da mentalidade internacional, iniciando, principalmente, com a reestruturação da organização institucional dos estados.
É inevitável a criação de uma assessoria ou uma secretaria com expertise em relações internacionais. Pois o que antes era privilégio do governo federal, hoje, cada vez mais, torna-se comum nos estados e os municípios. Estão sempre realizando contratos com entidades do exterior, como por exemplo, Banco Mundial, fundações, ONGS, empresas, como a Fiat, etc. Lidam inclusive com presidentes, primeiros ministros, reis (rainhas). É preciso saber como lidar com todos esses representantes do sistema internacional.
Inserimos-nos na interdependência complexa do sistema internacional, mas precisamos possuir uma mentalidade internacionalista.
Joseph S. Nyer Jr. e Robert O. Keohane ( Transnational Relations and World Politics, Cambridge, US: Havard University Press, 1972. P. 371), sentenciou: “ a política mundial está mudando, e nossos paradigmas não estão acompanhando o ritmo.”, comentando à época, a dificuldade da mudança de paradigmas. Nós viajamos no tempo e importamos seu comentário à realidade atual de nosso estado, em relação a celeridade da implantação da mentalidade internacionalista (novo paradigma).
Precisamos mudar de paradigmas, mas não só para nos adaptar ao sistema, mas, principalmente, para conquistarmos a vanguarda da mentalidade internacionalista, criando nossos próprios conceitos, ampliando nossas fronteiras, não apenas exercer uma hegemonia regional, mas para trazer crescimento universal.