quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Candidatura do Brasil à OMC: Oponentes Fracos?

Candidaturas fracas na OMC podem ajudar o Brasil
Gana, Costa Rica, Jordânia, talvez México, e Nova Zelândia. Os países começam a articular candidatos pouco conhecidos para o posto de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ao mesmo tempo, persiste a expectativa sobre eventual candidatura do Brasil.
"Se o Brasil apresentar um candidato, e sobretudo se ele for o embaixador Roberto Azevedo, tem amplas possibilidades de ganhar", afirmou ontem o embaixador da Argentina na entidade, Alberto D"Alotto, expressando o que vários negociadores falam baixinho.
Os países têm prazo até o fim do mês para formalizar candidaturas para substituir o atual diretor-geral da instituição, Pascal Lamy. A escolha por consenso deve ocorrer até maio de 2013. O escolhido assume em setembro.
O candidato de Gana, Alan Kyerematen, já passou por Genebra pedindo votos, mas terá dificuldades inclusive entre os africanos. A Costa Rica surge com sua ministra Anabel Gonzalez, que também começou a fazer as visitas de praxe pedindo votos.
Tim Groser, ministro de Comércio da Nova Zelândia, parece desestimulado pelo pouco entusiasmo de países em desenvolvimento. O ministro de Comércio da África do Sul, Rob Davies, já abandonou a intenção de disputar o cargo por falta de apoio africano.
Do México, há dois supostos pretendentes, não oficializados. Perez Mota, diretor da agência nacional de regulação e ex-embaixador na OMC, disse que gostaria de disputar. Outro com intenções é Hermínio Blanco, que foi secretário de Comércio, negociou o acordo de livre comércio com os EUA e Canadá e é formado na Universidade de Chicago.
Esses candidatos têm algumas dificuldades. Segundo fontes, os Estados Unidos suspeitam que um africano no comando da OMC seria teleguiado pela China, com influência crescente no continente. Por sua vez, candidatos da Costa Rica e do México sofrem pela forte proximidade com os EUA.
Teoricamente, a direção da OMC deveria desta vez ir para a África. Mas os africanos estão divididos, com alguns países apostando mais na direção da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), numa eleição que coincidirá com a escolha na OMC.
Para certos negociadores, o Brasil tem o candidato natural, já pronto, com trânsito entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e que não enfrentaria veto de ninguém.
Na avaliação do embaixador da Argentina, Alberto D"Alotto, o Brasil tem chance pelo "seu peso na entidade, pela qualidade do embaixador Azevedo e porque não aparecem outros candidatos que têm a influência que o Brasil tem na OMC". D"Alotto diz que tem escutado que muitos países, sobretudo em desenvolvimento e importantes como a Índia, "têm certa expectativa de que o Brasil apresente candidato".
Para o diplomata, "o Brasil suscita expectativas positivas nos países em desenvolvimento por suas políticas em favor do comércio mais equilibrado".
A Argentina atualmente tem contenciosos comerciais na OMC com os EUA, União Europeia, Japão e México, com acusações recíprocas de barreiras comerciais. Alguns negociadores, preferindo falar sob condição de não serem citados, alegando não ter autorização de suas chancelarias, acreditam que o Brasil já recebeu sinalizações "positivas" de várias nações desenvolvidas.
Indagado sobre uma eventual candidatura brasileira, Roberto Azevedo limitou-se a dizer: "Qualquer decisão sobre esse assunto será tomada em Brasília."
Ontem, a imprensa da Jordânia anunciou que o país apresentará o nome de um ex-ministro, Ahmad Thougan Al Hindawi, desconhecido na cena comercial.

Fonte: Valor Econômico

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